domingo, 9 de setembro de 2012

Geraldinho Gordinho

Geraldinho gordinho


Que delicia de vida tinha Geraldinho
Entre doce, sanduíche, refrigerante e salgadinho
Suas roupas eram largas tamanho gg
E seu programa preferido era assistir TV

A família o chamava de querido e fofinho
E as bochechas lhe apertavam com muito carinho
Para a mãe o seu peso era saúde total
E para o seu pai era força vital

Mas lá na escola tudo era diferente
Geraldinho nem era tratado como gente
Balofão, rolha de poço, corpinho de elefante
E no recreio só ficava sozinho, bem distante

Geraldinho era gordo só pensava em comer
Geraldinho era lerdo não podia correr
Geraldinho era feio, gordinho demais
Geraldinho era sempre deixado pra trás

No corredor um cartaz sobre um grande momento
A primeira edição de um show de talento
E a turma em zombaria a rir da sua pança
Foram lá e o inscreveram no concurso de dança

Da autoestima de Geraldo não sobrava nem um fio
Então muito decidido topou o desafio
Em casa trocou a TV por um CD
Afastou o sofá e treinou pra valer

Dançava muitas horas, sete dias por semana
E não é que o menino remexia bacana!
Tinha ritmo, vontade e era muito esforçado
E aos poucos descobriu que também tinha gingado

E na escola nem ligava para tanta zoação
Porque lá no fundo tinha uma forte intuição
Dançaria como ninguém acreditava ser capaz
E no dia seguinte o deixariam em paz

No momento do show uma grande surpresa
Geraldinho dançando era pura leveza
Era funk, rap, soul e ate dança axé
Animou toda a galera, acredite se quiser

Os garotos queriam imitar Geraldinho
E as meninas suspiravam com o remelexo do gordinho
Todo mundo gritava: ele merece ganhar!
E assim arrebatou o primeiro lugar
Geraldinho era o máximo, sabia dançar
Geraldinho era imbatível, botava pra quebrar
Geraldinho era fofo, um perfeito namorado
Geraldinho era incrível, o rei do rebolado!

Os colegas queriam uma dica pra aprender
A fazer brigadeiro, pipoca e frape
Geraldinho mal podia caminhar pelo recreio
Todo mundo o rodeava pra falar sobre o torneio


Geraldo era o sapo que príncipe virou
E uma linda namorada ele assim arranjou
Ser gordinho já não era mais nenhum problema
E é essa a lição desse nobre poema

E de tanto dançar ele até emagreceu
E toda aquela barriguinha logo desapareceu
Mas ninguém mais se importava se ele era gordinho
Para todos ele apenas era o incrível Geraldinho!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

DEU A LOUCA NOS CONTOS DE FADA


CENA I – A ASSEMBLÉIA MISTERIOSA

Entra Cinderela com um bilhete na mão. Palco escuro e luz sobre ela.
Cinderela - eu sabia que só poderia ser um trote! Ai, não tem ninguém aqui para me dar uma explicação razoável para esta reunião urgente? Alôooooooooo?!
Entra a Bela adormecida.
Bela adormecida – que escândalo é esse? Ah, é você...
Cinderela – E então qual o motivo pra tão urgente reunião no reino?
Bela adormecida – Pensei que me responderia. Ó, eu também recebi um bilhete para estar aqui. Estava no meu soninho perfeito quando uma coruja entrou pela minha janela e poft, me jogou isso bem na cara.
Cinderela – Então temos uma pista...Quem no reino anda com corujas?
As duas comemorando– Merlin!
Merlin entra num estouro – Chamaram?!
Cinderela – O que houve Merlin para convocar uma reunião com tamanha urgência?
Merlin – Não convoquei caras amigas, fui convocado. Olhem só para isso? – diz mostrando o bilhete.
Aos poucos foram chegando muitos personagens conhecidos dos contos de fada: O Gato de botas, fadas, A Bela e a Fera, Pinóquio, A Pequena Sereia... A reunião estava virando uma grande confusão! Todos falando ao mesmo tempo querendo saber qual o motivo da inesperada e urgentíssima assembléia. No meio da confusão uma voz doce surge com firmeza pondo fim no mistério.
- Fui eu quem convocou a assembléia.- Disse Branca de neve.
O coro de espanto foi geral:
- Você???!!!!!
- Uma princesa? Estranhou Merlin.
Branca – O assunto é muito importante; Não dava pra eu resolver sozinha.
Cinderela – O que houve?
Bela – Nossa como ela está pálida. Deve ser algo terrível.
Fera – Amor, ela é pálida.
Bela – tem razão, mas ela me parece assim amarelada de medo.
Branca – Então, a minha história estava assim naquela parte em que eu arrumava tudo enquanto os meus anões protetores iam até a Mina trabalhar e ... e aí... e então...
- fala logo Branca – grita Ariel.
Pinóquio – Vai ver ela engasgou com uma maçã.
Merlin – Deixem ela falar!
Branca – Eles não voltaram. A noite chegou, e o dia seguinte, e o outro dia e ninguém veio... Aí..
Cinderela – Ah, querida, os homens são assim mesmo. Um dia estão ali e no outro vai saber...
Bela – Calma Branquinha, daqui a pouco chega a parte do Príncipe, do beijo e do felizes para sempre... Nem vai se lembrar de anões na sua vida...
Fera – Bela, pare com essas idéias...Ela está preocupada com os amigos, é normal. E então, alguém por aí viu os rapazes?
Gato de Botas- Minha doçura, se quiser lhe faço companhia até eles voltarem? – diz beijando-lhe a mão.
Branca – Gente, não é só isso! – sai pra lá gato!
Cinderela – Não?
Branca – Bem, como eles não voltavam nunca, fui atrás deles e...
Todos – e???????????????
Branca – A Mina havia desaparecido, e parte da floresta também. A próxima página estava em branco.
Merlin – O vazio...
Gato – Sabe algo sobre isso Merlin?
Merlin – Não, não sei... Mas há uma lenda sobre um imenso vazio que um dia entraria no reino e acabaria com as histórias.
Bela – Não pode ser... A nossa história está intacta e estamos na parte do felizes para sempre, né amor? Portanto vamos embora.
Fera – Nada disso, vamos ficar e ajudar a resolver isso.
Cinderela – Você procurou o seu príncipe? Ele pode te salvar desse vazio, os príncipes sempre resolvem tudo.
Branca – Ele também sumiu. Não está em parte alguma.
De repente entra chapeuzinho ofegante.
Chapeuzinho – Gente, vocês precisam me ajudar!!!!
Ariel – O que aconteceu chapeuzinho?
Chapéu – Não acho mais o atalho da casa da minha vó...Me perdi, não encontrei o lobo e quando tentei voltar não havia mais nada, só um...
Todos – Vazio?
Chapéu – Como sabem?
Cinderela – ai meu Deus, preciso voltar e encontrar o meu príncipe.
Bela adormecida – Eu também não vou dormir no ponto, vou com você Cindy.
Pinóquio – Cindy?!
Bela adormecida – Achei o apelido bonitinho, ela é minha amiga, qual o problema?
Pinóquio – Depois eu é que sou o cara de pau aqui.
Ariel – ah os príncipes são espertos, não vão cair no vazio...Eles devem ter se escondido em algum lugar...
Chapeuzinho – quem pode estar fazendo isso com as nossas histórias?
Branca – Ora quem... As bruxas más..
Chapeuzinho – mas a minha história nem tem bruxa!
Pinóquio – Mas tem lobo. E ele é mau!
Gato – Sim, os malvados das histórias...
Branca – Merlin , traga eles aqui, por favor!Eles precisam trazer nossas histórias de volta.
Merlin – Mas Branca, por que fariam isso? Se as histórias acabarem, eles também irão desaparecer...
Gato – Vai ver cansaram de se dar mal no final da história e cortaram elas pela metade...Sumiram com os heróis...
Bela – è verdade... Na nossa história está tudo bem porque não tem um vilãozão assim que nem o de vocês...
Fera – Tem eu!
Bela – Você é um príncipe!
Cinderela – É mesmo, a Bela foi a única princesa que se deu bem e ficou com o seu príncipe. Isso não é justo!
Bela adormecida – Tá maluca? Olha só pra ele: Tá mais pra bichinho de estimação...
Bela – Vem aqui que eu te faço dormir mais cem anos...
Fera – Meninas, não é hora de brigar, temos que pensar em algo; Vamos Merlin, traga logo os suspeitos.
Merlin começa a fazer magia, jogando papel picado e gelo seco pelo palco e cabrum! Aparece a bruxa da Branca de neve e o Lobo mau.
Fera agarrou o lobo pelo pescoço e Merlin imobiliza a Bruxa com magia.
Fera – Podem começar a falar!
Pinóquio – É, cadê os nossos amigos?
Gato – E as nossas histórias?
Bela adorm/Branca e cinderela – E os nossos Príncipes?
Chapeuzinho – E a minha casa e a minha vó?
Bruxa – Tá ficando maluco seu velho Gagá? Eu ordeno que me solte agora!
Lobo – Eu não sei de vó nenhuma, e nem de casa. Aliás nem a floresta eu encontrei pra poder entrar na história.
Bruxa – É, eu também não encontrei a minha parte na história. E não sei do que estão falando.
Branca – Bruxa mentirosa!
Peter Pan entra subitamente.
Peter – Infelizmente ela não está mentindo.
Ariel – Peter Pan, seu menino perdido, o que você tem a ver com isso?
Pinóquio – Oba, uma grande aventura nos espera não é Peter?
Peter – É...Mais ou menos...Explica pra eles Sininho.
Sininho nervosa e agitada, com uma voz estridente, começa a falar enrolado e ninguém entende nada.
Merlin – Melhor você Peter, melhor você.
As princesas consolam a Sininho que ainda está bastante agitada e chorosa.
Peter – Não foram eles e nem ninguém daqui do reino encantado. O Problema está no mundo real!
Branca – Como assim no mundo real? Como eles foram parar lá? Poucos de nós têm permissão para ir até lá sem desaparecer...
Gato – É isso... Foram até lá sem permissão e sumiram! Não foi Merlin?
Merlin – Não acredito...
Sininho – Não é isso! Fala Peter, conta tudo, fala pra eles!
Peter – As crianças não ouvem mais as nossas histórias, e estamos aos poucos desaparecendo.
Cinderela – Como assim? Não escutam histórias? Não lêem histórias? O que fazem então?
Peter – Assistem TV.
Sininho sinaliza. E Peter continua.
Peter – Conversam no computador, e jogam videogame;
Ariel – O que é isso? Bola?
Peter – Não, é uma invenção maravilhosa que fica numa caixa mágica e ...
Branca desolada – Não escutam mais histórias? Nenhuma história...Nem uma tão maravilhosa como a minha?
Sininho – bsdfvfhgfgekr4hh – diz no ouvido da Bela.
Bela – Navegam pela Internet? Onde fica isso?
Fera – Coisas do mundo real...
Merlin – Não amigos, não é um mundo real... É o mundo virtual, que interage com essa meninada moderna...
Peter – Ninguém mais quer saber de imaginar. Querem ver, tocar, usar...
Cinderela- E o que meu príncipe tem a ver com isso Sr. Peter Pan?Posso saber?
Merlin – Acho que eu já entendi. Como ninguém lê mais as histórias elas estão desaparecendo até serem totalmente esquecidas. Não haverá mais livros nem contos de fadas.
Gato – Nem histórias... Mas por que a gente não desapareceu?
Pinóquio – Ainda, caro amigo peludo, ainda não desaparecemos...
Merlin – Porque somos os personagens principais, os títulos das histórias... As pessoas já ouviram falar da gente, sabe como somos, mas não se lembram das histórias...Vamos continuar existindo aqui, mas não teremos mais histórias nem livros, só páginas em branco e ...
Branca – Um enorme vazio no nosso reino...
Bela – Que horrível amor !
Fera – Calma, daremos um jeito em tudo isso. Não é Merlin?
Cinderela- Nunca mais terei um príncipe? O meu príncipe encantado?Nunca mais?
Chapeuzinho – Lembram do Lobo Mau e não lembram da minha vó? Como pode isso?
Lobo – Concorde comigo: Eu sou muito mais interessante que uma pobre velhinha moribunda...
Pinóquio – Não podemos falar essas coisas aqui Lobo.
Lobo – que coisas?
Chapeuzinho – Bunda Lobo, bunda...
Lobo – Mas eu não disse isso.
Chapeuzinho – Disse sim. Que a minha vó era uma bunda. Ela está desaparecida e você seu malvado nem respeita a minha dor...
Lobo – Eu disse Moribunda amorzinho e isso quer dizer doente, dodói, com mal estar...
Ariel – Não Liga pra ele.
Bruxa – Ah, eu concordo com as crianças modernas... Tudo ficou muito sem graça por aqui. O bem que derrota o mal e padece no felizes para sempre. Coisinha mais sem sal... Quer uma maçã querida?
Branca – Nossa está linda!
Ariel – Você não aprende? Não tem príncipe pra te beijar. Segura a onda se não vai dormir mais que a Bela adormecida.
Bela adormecida – Alguém me chamou? Acharam o meu príncipe e a minha história?
Peter – A bruxa tem razão! Ficamos sem graça; A concorrência é muito forte!
Bela – Existe algo que possamos fazer para ter nossas histórias de volta, Merlin?
Merlin – Não sei querida, temos que pensar. Vamos para casa, amanhã nos reunimos e discutiremos uma solução.
Bruxa – Posso ficar por aqui com vocês?
Branca – É claro que não! Seu lugar é lá do outro lado do reino com os outros vilões.
Bruxa – Que outro lado sua branquela azeda! Só restaram eu e o lobo mau. Os outros vilões desapareceram porque eram assim sem gracinha também, sabe.
Merlin – Tudo bem. Vamos precisar de toda ajuda possível. Estamos todos no mesmo barco. Lobo, você vem comigo;
Todos os personagens deixam o palco.

CENA II – MUITAS IDÉIAS, NENHUMA SOLUÇÃO

Peter – Bom dia Merlin
Merlin – Bom dia rapaz!
Peter – O pessoal já está a sua espera. Parecem mais calmos e dispostos a fazer algo.
Merlin – Acharam alguma solução?
Peter – Não, mas parecem cheios de idéias;
Sininho – Vamos Peter vamos!
Na assembléia...
Bruxa – Depois de muito conversar com o Peter sobre o mundo real, cheguei a conclusão de que estamos ultrapassados.
Merlin – Como assim?
Bruxa – Temos que nos modernizar pra conquistar de novo as pessoas. Veja bem a minha teoria: Por exemplo, quem agüenta mocinhas histéricas que não pensam em outra coisa senão um príncipe. Hoje as mulheres são independentes, lindas, verdadeiras estrelas. E os humanos adoram estrelas. Então resolvemos o caso da breguice e cafonice das princesas assim, dando mais glamour à elas.
Entram as princesas moderníssimas, coreografando Poeira da Ivete Sangalo da Madonna.
Merlin – Meu senhor das magias...O que é isso?
Peter – Uau, arrasaram!
Bruxa- Vocês ainda não viram nada. Agora com vocês o nosso Don Juan animal: Gato de botas!
Entra o Gato cantando a música Negro gato do Roberto Carlos. No final joga uma rosa para as princesas que se estapeiam para pegá-la.
Merlin – Não tenho palavras pra isso.
Peter – É Bruxa, você está se superando.
Bruxa – Sou uma excelente produtora artística não acham?
Merlin – Minha nossa...
Bruxa – Podem entrar garotada. Podem botar pra quebrar!
Chapeuzinho, Lobo, a Bela e a Fera dividem o Palco coreografando Vem meu cachorrinho da Kelly Key.
Bruxa – Palmas que eles merecem!!!!
Merlin cai sentado no chão desolado e Peter pan e Sininho o abanam.
Peter – Calma Merlin, até que está divertido.
Merlin – Divertido? É uma ofensa a literatura!
Bruxa – O que disse vovô?
Peter – Disse que está uma loucura!
Bruxa – Ah.................E agora o Gran Finalle . Venham rapazes!
Começa a interpretação Bruxônica da música da Lady Gaga. Peter Pan, a Bruxa e Pinóquio começam a dançar...

CENA III – A GRANDE MISSÃO

Merlin interrompendo a apresentação – Parem já com isso! Pelo amor de Deus! Ficaram loucos? Querem arruinar de vez as nossas histórias?
Bruxa – Mas Merlin, as crianças estavam gostando, não é mesmo criançada? ( a Bruxa vira se dirigindo à Platéia).
Pinóquio – Como faremos então? Eu ainda quero ser um menino de verdade. Quero o final da minha história...
Cinderela – E eu o meu príncipe...
Todos começam a se lamentar ao mesmo tempo.
Merlin – Ouçam!Vamos pensar em alguma coisa, mas sem acabar com a nossa imagem original. Eles tem que gostar da literatura e não desse pacote de aberrações modernas.
Bruxa – Não ofende não! Isso também é arte, fique o senhor sabendo.
Peter – Eu estava me divertindo. Mas se querem saber a verdade, sinto falta das histórias...Acho que as crianças também.
Branca – Então por que não convencemos os adultos a voltarem a contar histórias para elas?
Merlin – É uma excelente idéia Branca de neve!
Bruxa – Merece um docinho de maçã querida, aceita?
Branca – Obrigado...
Ariel – Pare com isso Bruxa, ela está sensível. Largue isso, branquinha!
Merlin – Mas só o Peter Pan tem licença dos autores para freqüentar o mundo real... Ir de casa em casa levaria muito tempo.
Gato de botas – Mas não às escolas!
Peter – É isso, os professores! Eles são a nossa solução!
Bruxa – Professores adoram ganhar maçãs...
Todos – Bruxa!
Bruxa – tá bom...
Merlin – Tem razão, os professores podem nos salvar, salvar a nossa literatura infantil!
Bela adormecida – Não entendi.
Pinóquio – É loira mesmo.
Bela adorm – não entendi de novo.
Pinóquio – deixa pra lá.
Cinderela – se os professores lerem muitas histórias para seus alunos, tudo voltará ao normal : os castelos, os príncipes e os finais felizes...
Ariel – poderiam ler todos os dias...
Gato – Ir às bibliotecas, salas de leitura, fazer projetos;
Merlin – E incentivar a leitura em casa para que os pais possam ler para os seus filhos.
Peter – Então vamos agora até as escolas com essa importante missão. Vamos Sininho?
Sininho – Só se for agora!
Narrador = E assim acharam a solução para o problema : Ler nas escolas. Os professores adoraram a idéia de Peter e agiram rapidamente. Conclusão: A literatura infantil foi salva e as crianças também porque puderam voltar a sonhar e imaginar... e todos viveram felizes para sempre!

Música: Abracadabra. Todos dançando.






Peão de boiadeiro


Eu sou boiadeiro errante
Minha reza pra Deus é o berrante
Com a comitiva percorro o país
Na estrada sou homem feliz

Chapéu e botina de couro
Coragem pra enfrentar o touro
Rodeio é pura emoção
Na arena sou simples peão

De barro e lenha o fogão
Numa roda de amigos: violão
A família que emana carinho
Sou pássaro em casa no ninho

Mastigando um matinho no campo
vendo a luz de um feliz pirilampo
Sinto o cheiro de terra molhada
Sou parceiro da noite enluarada

Quando penso em felicidade
vida simples, pequena cidade
um desejo de conhecer tão profundo
sou ser humano a vagar pelo mundo

MARIA DO ALGODÃO



DIZEM SER ALMA PENADA
UMA MULHER MAL AMADA
QUE MORREU E CÁ FICOU

DIZEM TER UM JEITO BREJEIRO
E APARECE NO BANHEIRO
QUANTO ALUNO JÁ ASSUSTOU!

SAI DO CEMITÉRIO À MEIA NOITE
E ASSOMBRA NUM AÇOITE
AQUELE COM QUEM CRUZAR

VAI VAGANDO PELA RUA
ILUMINADA PELA LUA
POETIZANDO O SEU PENAR

O QUE NINGUÉM SABE DIZER
É POR QUE FOI SE ESCONDER
E NA ESCOLA FOI FICAR...

TODOS PRECISAM DE EDUCAÇÃO
E TALVEZ A MARIA DO ALGODÃO
SÓ ESTEJA QUERENDO ESTUDAR!

COMIDA CAIPIRA



Comida caipira é que é comida boa
Bendito seja o inventor da broa
Torresminho, tropeiro, cozido e angu
E o manjar dos “Santos” chamado Cubu

Farofa de arroz e de corda o feijão
Que delícia a ambrosia e a goiabada Cascão
No molho pardo: frango ou galinhada
Numa mesa farta, num “farta” nada

Quantas maravilhas se faz com o milho
Gostosuras sem fim com polvilho
Derivados dos índios e da mandioca
A farinha, o beiju e a tapioca

Do interior paulista o famoso virado
Nos arredores do Araguaia, o peixe ensopado
Pão de queijo e o queijo de Minas Gerais
Quem deles prova não esquece jamais

Bolinho caipira com carne moída
Compotas de frutas que adoçam a vida
Pimenta de cheiro que arde a língua
Quem mora na roça não morre à míngua

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Martinha mortinha




Martinha era uma menina bem esquisita
Não gostava da cor rosa nem de laços de fita
Usava calças largas, nunca estava de vestido
E tênis era o seu calçado preferido

Tinha olheiras, parecia que nunca dormia
Não se sabe o porquê, trocava a noite pelo dia
Olhava as estrelas a brilhar lá no céu
Lia livros, ouvia música, ficava ao léu

O pai a achava uma menina engraçada
A mãe repetia: que garota levada!
Os dois a tratavam com imenso carinho
Feliz a Martinha naquele mundinho

Mas um dia a Martinha foi para a escola
No lugar da mochila uma velha sacola
E lá ia a martinha desengonçada e contente
Sem saber que a apontavam por ser diferente




E por onde ela ia virava piada
Professor, diretor, ninguém via nada
E ganhou um apelido a pobre Martinha
Trocou-se uma letra, transformou-se em Mortinha

Mortinha era feia, não tinha beleza
Mortinha era pobre, não tinha riqueza
Mortinha era chata, não tinha brinquedo
Mortinha era doida, não tinha nem medo!

E ao descobrirem que a garota estranha
Não temia sapo, barata ou aranha
Lhe pediram para ir desvendar um mistério:
Ver o que acontece dentro de um cemitério

E a Mortinha tão feliz em poder ajudar
Atravessou o portão sem pestanejar
Conversou com o coveiro e lhe pediu uma flor
E voltou para a rua com semblante de horror

Ela contou que encontrou muitas almas do além
E que haviam criaturas do mal e do bem
Inventou tanta história sobre morte e vida
Que a turma começou a achar divertida


O gato preto da Mortinha era sinal de sorte
E de toda a escola era a melhor no esporte
No cabelo prendedores de caveira pra arrasar
E aos poucos a Mortinha foi ficando popular

Mortinha era inteligente, tinha criatividade
Mortinha era segura, tinha personalidade
Mortinha era fashion usava piercing no umbigo
Mortinha era feliz tinha um monte de amigo!

E ninguém nunca mais zombou dela
A menina esquisita da favela
Perceberam que ser diferente é legal
Seria chato todo mundo igual

E assim Mortinha essa menina corajosa
Descreveu sua vida em verso e prosa
Descobriu a importância de ter atitude
E transformou diferença em virtude

RECANTOS E ENCANTOS DE MONTEIRO LOBATO



Recanto de olhar pacato
Filho gentil da mãe natureza
Nasce assim Monteiro Lobato
Um Município de vasta beleza

Às margens do rio Buquira: simples povoado
Foi surgindo ao redor da capela
Verdes montanhas, poente dourado
Habitantes de alma singela

Em homenagem ao ilustre escritor
Que encantou a todo Brasil
Batizou-se a cidade com amor
No dia 28 de abril

Então fez-se mestre Monteiro
Com sua vida repleta de história
Espalhados no mundo inteiro
Os seus livros estão na memória

Urupês, Jeca e o sítio do Pica Pau Amarelo
Suas obra ninguém esquece
Personagens de um Universo paralelo
Que da sua infância floresce

A querida vovó Dona Benta
Que tudo faz com o coração
Visconde que tudo inventa
Pedrinho que é pura emoçãoA Cuca, Bruxa malvada
E o travesso moleque Saci
Tia Nastácia e sua cozinha encantada
Que atrai a todos daqui

Das Águas Claras do rio
O príncipe Escamado de Prata
Curupira ou Caipora sorrindo
Habitantes míticos da nossa mata

E a esperta Emília de pano
Boneca inteligente, sabida
Fala e anda como ser humano
Brinquedo criando vida!

A menina do Nariz Arrebitado
Que sonha um mundo de ilusão
Conduz a todos num sonho encantado
Através da imaginação

E assim Monteiro Lobato
Seja a cidade ou o escritor
Ficará sempre conosco
Numa relação de lembrança e amor!